segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Balança brasileira fecha 2011 com superávit de US$ 29,7 bi

são Paulo - A balança comercial brasileira em 2011 surpreendeu o mercado, ao somar US$ 29,79 bilhões em todo o ano passado. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), o resultado foi o melhor desde 2007, quando o saldo foi de US$ 40,03 bilhões. E foi ainda 47,8% maior do que o alcançado em 2010 (US$ 20,15 bilhões).

Ao comparar com a mediana observada no relatório Focus, que assim como a balança comercial também foi divulgado ontem, os analistas esperavam que o saldo fechasse em US$ 28,10 bilhões. "[O resultado] surpreendeu a mim e a todo o mercado. A expectativa é de que as importações continuassem em alta e os preços das commodities caíssem, e, assim, o superávit seria menor. Mas não foi isso que aconteceu em 2011. O governo teve sorte", observou o professor do IbmecPaulo Pacheco. 

Para Reginaldo Gonçalves, coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina, o que chamou mais atenção foi o fato de a China ter mantido o comércio  com o Brasil, mesmo com as restrições feitas pelos brasileiros na importação de veículos importados. "Um total de US$ 44,3 bilhões em produtos nacionais foram exportados para os chineses, o que fez desse país o nosso principalparceiro comercial", avalia.

De acordo com o Mdic, as exportações e as importações bateram recorde em 2011. De janeiro a dezembro do ano passado, as vendas externas somaram US$ 256 bilhões, alta de 26,8% ante o mesmo período de 2010. Na mesma base de comparação, as compras externas pelo Brasil foram 24,5% maiores, ao atingir US$ 226,25 bilhões. 

O ministério informou que o saldo das exportações foi devido aos altos preços das commodities no mercado externo, principalmente no começo de 2011. Desta forma, esse cenário contribui para que as vendas externas atingissem a marca inédita de US$ 1 bilhão por dia útil. "Nunca tínhamos atingido antes média diária superior a US$ 1 bilhão", comentou a secretaria de Comércio Exterior do Mdic, Tatiana Prazeres. Com base na média diária, as exportações cresceram 330% em dez anos. Porém, o governo não conseguiu cumprir a meta para o ano de US$ 257 bilhões. 

No acumulado janeiro a dezembro, os três grupos de produtos exportados registraram crescimento em relação à igual período de 2010: básicos (alta de 36,1%, para US$ 122,457 bilhões, com destaque para café em grão - 54,3%), semimanufaturados (avanço de 27,7%, para US$ 36,026 bilhões, com destaque para semimanufaturados de ferro/aço - expansão de 78,6%) e manufaturados (aumento de 16%, para US$ 92,304 bilhões, com destaque para máquinas e aparelhos para terraplanagem - crescimento de 60,4%).

No caso das importações, houve alta, segundo o Mdic, em todas as categorias de uso, na comparação com igual período de 2010: combustíveis e lubrificantes (de 42,7%), bens de consumo (de 27,5%), matérias-primas e intermediários (de 21,6%) e bens de capital (de 16,8%).

Ao considerar somente dezembro de 2011, as exportações de US$ 22,129 bilhões representaram um valor recorde para o mês. Pelo critério de média diária, as vendas atingiram US$ 1,005 bilhão no mês passado, valor 10,6% maior que a média diária de US$ 909,5 milhões de dezembro de 2010, mas 7,6% menor em relação a novembro do ano passado.

A secretaria de Comércio Exterior do Mdic explicou que esse decréscimo é atribuído ao momento econômico de incertezas em relação à crise econômica. "Foi um mês importante para exportações e importações, e para o comércio exterior brasileiro. Destacamos queda no ritmo de exportações quando comparado a novembro é reflexo do cenário internacional", disse.

As importações de dezembro atingiram US$ 18,312 bilhões, valor também recorde para o período. A média diária das importações no mês passado ficou em US$ 832,4 milhões, 22,9% superior à média diária de US$ 677,1 milhões de dezembro de 2010. 

No entanto, o saldo comercial do mês passado, de US$ 3,817 bilhões, foi 28,57% mais fraco que o de dezembro de 2010, quando foi registrado superávit de US$ 5,344 bilhões. No último mês de 2011, a corrente de comércio registrou cifra recorde para meses de dezembro de US$ 40,441 bilhões.

Neste ano

O mercado quase que em geral espera que a balança comercial em 2012 não seja tão expressiva do que foi o ano passado. Os analistas consultados pelo BC, assim como o professor do Ibmec, esperam que o saldo neste ano feche em US$ 18 bilhões, o que seria uma queda de 39,6% comparado ao registrado em 2011. "Se fechar neste patamar será um bom resultado. A tendência é que as importações continuem altas devido ao mercado interna que permanece aquecido", diz Pacheco.

Já Gonçalves prevê que a balança encerre este ano mais próximo aos US$ 20 bilhões, devido ao aumento da competitividade ligada à apreciação cambial. "Tudo, na verdade, vai depender do cenário internacional", lembra.

7.686Comércio Exterior

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