segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Argentina investiga cartel por Petrobras e outras petrolíferas Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/argentina-investiga-cartel-por-petrobras-outras-petroliferas-3688502#ixzz1jfwDJgR7 © 1996 - 2012. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

Empresas são acusadas de faturar US$ 780 milhões por ano com sobrepreço

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BUENOS AIRES - O ministro do Planejamento argentino, Julio De Vido, e o vice-presidente e presidente interino do país, Amado Boudou, denunciaram uma suposta manobra de "cartelização" de preços nas vendas no atacado de diesel, envolvendo as companhias petrolíferas Petrobras, Repsol YPF, Shell, Esso e Oil. Segundo dois dos homens mais importantes do governo da presidente Cristina Kirchner, as cinco empresas "abusam de sua posição dominante" cobrando "sobrepreços" que, em média, superam em 8,4% os valores cobrados no mercado de varejo.
Com esta suposta operação irregular, as companhias, que serão investigadas pela Comissão Nacional de Defesa da Concorrência, obtêm, de acordo com a Casa Rosada, um lucro anual de US$ 780 milhões.
Procurado pelo GLOBO, o escritório da Petrobras em Buenos Aires não quis comentar as declarações de De Vido e Boudou, à frente do Executivo argentino desde que a presidente iniciou sua licença médica, na primeira semana de janeiro. A denúncia caiu como um balde de água fria entre representantes da estatal brasileira, que passaram a tarde discutindo o assunto na sede da Petrobras, localizada no centro da capital argentina.
— Queremos que a Comissão Nacional de Defesa da Concorrência investigue, em profundidade, as diferenças de preços no mercado de diesel — declarou De Vido.
Governo mantém guerra particular contra a Shell
O mercado que será alvo desta investigação é amplamente dominado pela Repsol-YPF, que controla cerca de 65% das vendas. Outros 20% estão em mãos da Shell, que há vários anos mantém desavenças públicas com o governo Kirchner. Os restantes 15% se dividem entre a Petrobras (6%), Esso e Oil. Na entrevista realizada ontem no Ministério da Economia, o ministro do Planejamento fez questão de reiterar que, para a Casa Rosada, a Shell é uma empresa inimiga do governo.
— No caso da Shell, apelamos para as autoridades regionais e mundiais, porque (Juan José) Aranguren (presidente da Shell na Argentina) foi um sistemático opositor de todas as políticas deste governo — afirmou ontem o ministro argentino.
A disputa entre o Executivo argentino e a Shell já chegou aos tribunais portenhos. Em fevereiro de 2011, por exemplo, a empresa recorreu à Justiça após a divulgação de uma resolução da Secretaria de Comércio Interior que exigia a anulação de um reajuste entre 2% e 3,6% no preço da gasolina e do diesel. Os problemas começaram em 2005, ano em que o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) convocou um boicote nacional contra a Shell em repúdio ao aumento do preço de vários produtos.
A Petrobras, por sua vez, mantém uma boa relação com o governo Kirchner e evita discutir, publicamente, medidas adotadas pelo governo.
— Detectamos diferenças de até 30% entre os preços de atacado e varejo, o que gera uma situação de desigualdade — disse De Vido.
Segundo o ministro argentino, "esta diferença provoca uma grave distorção que afeta o transporte de cargas e passageiros". O governo, assegurou De Vido, "quer comprovar se houve abuso de posição dominante, cartelização ou qualquer outro comportamento irregular. Saber quem são os responsáveis e aplicar as sanções correspondentes". O ministro informou ainda que a denúncia do governo se baseia em informações apresentadas por oito federações do setor de transportes.
Brasil solicitou reunião bilateral, diz imprensa local
A secretaria que fará a investigação é comandada pelo Secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, o mesmo que está à frente da intervenção do Indec (o IBGE argentino) e que, semana passada, decidiu reforçar o controle às importações, prejudicando, entre outros sócios comerciais, o Brasil. Segundo informações publicadas pela imprensa local, o governo brasileiro solicitou uma reunião de emergência com autoridades argentinas, para discutir a nova ofensiva de Moreno.


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