segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Irã limita comércio de moeda estrangeira

Sanções obrigam país a tentar impedir evasão; Arábia Saudita descarta bloqueio de Ormuz

O GLOBO
Publicado:
Atualizado:
TEERÃ - Embora a retórica do governo iraniano seja marcada pelo tom autossuficiente e desafiador, o Banco Central do Irã — agora, incluído na extensa lista de sanções aplicadas pelos Estados Unidos — proibiu o comércio de moeda estrangeira fora do sistema bancário e de instituições autorizadas, em uma tentativa radical de impedir a fuga de divisas de um país já marcado por uma inflação de dois dígitos e cuja moeda, o rial, perdeu 40% do valor frente ao dólar desde dezembro passado. A polícia foi instruída a agir em caso de flagrante da violação das novas regras. Com a deterioração da economia iraniana, crescem também os temores de que Teerã possa cumprir a ameaça de responder às sanções extras com o fechamento do Estreito de Ormuz, por onde passam diariamente 20% do petróleo mundial.
— Não levem moeda estrangeira ao mercado. Qualquer investimento em moeda estrangeira e dólar está proibido — informou o vice-presidente do Banco Central do Irã, Ebrahim Darvishi, em pronunciamento a uma emissora de rádio estatal.
Viajantes só podem levar até mil dólares ao exterior
Darvishi advertiu que as autoridades estão monitorando as operações de casas de câmbio nas ruas para impedir negociações em valores distintos dos determinados pelo governo. Quem for pego comprando ou vendendo moeda estrangeira sem um recibo poderá ter o dinheiro confiscado.
A medida aumenta os temores de iranianos, preocupados com o efeito cada vez mais forte das sanções. Nós últimos meses, muitos têm recorrido à compra de dólares ou moedas de ouro em vez de depositar seu dinheiro no banco — que oferecem atualmente taxas de juros bem mais baixas que a inflação. O governo também reduziu de US$ 2 mil para apenas US$ 1 mil a quantidade de dólares em dinheiro que os iranianos podem levar em viagens o exterior.
— O mercado está cheio de agentes de segurança — contou o doleiro Hassan Rahamani, observando que apesar das casas de câmbio estarem abertas, os negócios estão praticamente paralisados desde domingo.
Na Arábia Saudita, o ministro do Petróleo Ali al-Naimi insistiu que a hipótese do fechamento do Estreito de Ormuz é pouco provável — apesar da escalada da tensão entre o Ocidente e o Irã.
— Pessoalmente, não acredito nisso. Se (o estreito) fosse fechado, seria por pouco tempo. O mundo não suportaria — declarou al-Naimi.
Sem dar sinais de arrefecer o discurso inflamado dos últimos dias, o presidente do Majlis, o Parlamento do Irã, Ali Larijani, voltou a acusar o serviço secreto de Israel pelo assassinato do cientista nuclear Mustafa Ahmadi Roshan, de 32 anos, morto na semana passada, vítima de uma bomba magnética colocada em seu carro no centro de Teerã. Segundo ele, várias pessoas foram detidas por envolvimento no ataque.
— Foram descobertos indícios e ocorreram detenções. A investigação segue seu curso — declarou ele à rede de TV estatal em árabe al-Alam.
Segundo a agência estatal Irna, Larijani garantiu, ainda, que os "terroristas detidos admitiram ter sido submetidos a um treinamento nos territórios ocupados da Palestina".


Leia mais sobre esse assunto em 

Nenhum comentário:

Postar um comentário