quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Em julgamento, defesa de Mubarak fala que líder deposto é homem 'limpo'

Em primeiras considerações no julgamento do líder deposto, advogado afirma que Mubarak é vítima de acusações maliciosas

 17/01/2012 21:28
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O advogado de defesa de Hosni Mubarak falou nesta terça-feira sobre o presidente deposto do Egito como um líder "limpo" que sempre colocou a lei na frente de tudo e trabalhou sem cansaço por sua nação. A apresentação da defesa ao tribunal também procurou pintar um quadro no qual Mubarak, 83 anos, pareça a vítima de maliciosas acusações, enquanto sua saúde está debilitada.

Foto: AP
Garota egípcia carrega foto de presidente egípcio Hosni Mubarak perto de polícia de choque posicionada do lado de fora de academia de polícia, onde ocorre julgamento
Mubarak é acusado de ser cúmplice na morte de centenas de manifestantes durante os 18 dias de revolta que colocaram fim ao seu regime de 29 anos em fevereiro. Ele pode enfrentar a pena de morte, caso seja considerado culpado.
Advogados dos familiares daqueles que foram mortos ou feridos argumentam que mesmo que Mubarak não tenha dado a ordem direta para os agentes atirarem nos manifestantes, ele falhou em não ter dado horas para que a matança terminasse.
promotoria depois fez duras críticas quanto ao período que Mubarak esteve no poder, dizendo que ele era responsável diretamente pelas mortes e que ele passou os últimos dez anos no poder garantindo que seu filho Gamal fosse seu sucessor.
Mubarak e seus dois filhos, Alaa e Gamal, também enfrentam acusações de corrupção. Todos os três estavam presentes na corte nesta terça-feira.


Como tem sido comum desde que o julgamento contra o ex-presidente recomeçou, Mubarak foi trazido ao tribunal sobre uma maca - localizado em uma academia de polícia que já levou o nome do líder deposto - de helicóptero do hospital em que está sob custódia. Durante a audiência, ele ficou na jaula dos réus, vestindo óculos escuros e coberto por uma maca.
O juiz Ahmed Rifaat concedeu à defesa de Mubarak cinco audiências para que eles possam fazer suas considerações. "Mubarak não é nem um tirano nem um homem com sede de sangue. Ele respeita o judiciário e suas decisões. Um homem limpo que não se pode dizer nada de errado", disse el-Deeb, que tem a reputação de ser um advogado caro, que geralmente atende celebridades.
"Esse homem que está diante de vocês tem 83 anos e foi fatigado por doenças depois de dedicar toda a sua vida ao serviço da nação. Ele tem enfrentado falas maliciosas. Ele tem sido alvo por todos os lados e sua reputação foi atingida por línguas e canetas", disse el-Deeb, que também defende Alaa e Gamal.
Além dos três, o ex-secretário de segurança Habib el-Adly e seis comandantes da polícia também são réus no caso. El-Adly e quatro de seis comandantes são acusados de serem cúmplices na morte dos manifestantes. Um amigo da família Mubarak, o fugitivo Hussein Salem, também está enfrentando acusações de corrupção.
El-Deeb enraiveceu os advogados das vítimas na terça-feira quando disse que Mubarak apoiou a revolta que o derrubou. Ele citou uma carta que Mubarak escreveu para um amigo de longa data e ministro de Gabinete Ahmed Shafiq, que foi nomeado primeiro-ministro durante a revolta.
Na carta, Mubarak disse que os manifestantes estavam exercendo seu direito de estabelecer protestos pacíficos, mas criminosos e islâmicos infiltrados sabotaram a propriedade pública e desafiaram a "legitimidade" do regime.

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