segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Em Paris, Lula sela reaproximação com Sarkozy

A passagem de Luiz Inácio Lula da Silva por Paris marca a reaproximação com o presidente da França, Nicolas Sarkozy. Eles se reencontraram hoje com pompas e elogios no Palácio do Eliseu. Quebrando o protocolo, o francês recebeu Lula na porta do palácio, cercado de membros da Guarda Republicana - duas honras reservadas aos chefe de Estado.
O francês não falou à imprensa. Já Lula verbalizou sua satisfação: "Foi muito bom. Foi muita gentileza dele me receber", disse o brasileiro sobre o encontro. "Na verdade, eu não tive uma relação de chefe de Estado com as pessoas; eu construí uma relação entre amigos."
O encontro com Sarkozy se estendeu por cerca de 40 minutos. Na reunião, o presidente da França convidou o brasileiro a abrir uma reunião sobre desenvolvimento, que será realizada com a participação de organizações não-governamentais e instituições educativas em 21 de outubro, em Paris. Lula aceitou o convite e já incluiu o evento em sua agenda, segundo seus assessores. À tarde, o ex-presidente recebeu um dos líderes do Partido Socialista (PS), o ex-ministro da Cultura Jack Lang. À noite, ele teria jantar na residência do embaixador do Brasil em Paris, José Maurício Bustani.
Desentendimento
Desde 2007, quando o francês assumiu o Palácio do Eliseu, os dois chefes de Estado mantiveram estreitas relações políticas, que tiveram como principal reflexo a Parceria Estratégica França-Brasil. O acordo garantiu à França a venda de armamentos, como os submarinos Scorpène, em fase de produção no Rio de Janeiro. Além disso, a parceria deveria ter resultado na compra de 36 caças Rafale pelo Brasil. Em sua última visita a Brasília, Sarkozy obteve de Lula uma declaração explícita de preferência pelos caças produzidos pela Dassault.
Tudo caminhava bem para a França até que o Palácio do Eliseu se mostrou crítico a uma iniciativa sensível da política externa do governo Lula: o acordo sobre o programa nuclear do Irã, firmado em parceria com a Turquia. À época, a diplomacia francesa chegou a taxar a atitude brasileira de "ingênua".
Além do desentendimento político, Sarkozy não teria cumprido o acordo de telefonar ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinajed, para agradecer pela libertação da estudante francesa Clotilde Reiss, cuja liberdade foi intermediada pelo ex-chanceler Celso Amorim em Teerã. Insatisfeito, Lula postergou a decisão sobre os caças Rafale até o último dia de seu mandato, repassando-a à sua sucessora, Dilma Rousseff. Desde que assumiu, a atual presidente diz não considerar a compra dos aviões para a Força Aérea Brasileira (FAB) uma prioridade.

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