sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Clérigo ligado à Al-Qaeda e nascido nos EUA é morto no Iêmen


Um dos principais líderes do braço da rede na Península Arábica, Anwar al-Awlaki usava sermões para inspirar ataques de militantes

O clérigo radical islâmico Anwar al-Awlaki, nascido nos EUA e importante liderança da Al-Qaeda da Península Arábica, foi morto nesta sexta-feira no Iêmen, segundo informaram autoridades americanas e iemenitas.
Awlaki foi morto por um ataque aéreo americano a um comboio onde ele estava, segundo autoridades dos EUA que não quiseram ser identificadas. Dois carros que seguiam da cidade de Maarib para Juf, teriam sido alvos dos ataques feitos com um avião não tripulado e um jato.
O ataque também matou Samir Khan, que seria o editor da revista do grupo em inglês, a Inspire. Khan nasceu nos EUA em 1986 e teria morado na Carolina do Norte até pouco tempo atrás.
O presidente americano, Barack Obama, afirmou que a morte de Awlaki foi "um enorme golpe" para a Al-Qaeda. Para justificar o fato de um cidadão dos EUA ter sido alvo de um ataque, Obama relembrou alguns dos planos terroristas nos quais o clérigo esteve envolvido. "Ele conclamou indivíduos no nosso país e em todo o mundo para matar homens, mulheres e crianças inocentes", completou.
Segundo autoridades americanas, o alvo do ataque era Awlaki, que estava sendo monitorado havia três semanas. O governo do Iêmen não deu detalhes sobre a operação, informando apenas que Awlaki foi morto pela manhã na cidade de Khasef, cerca de 140 km ao leste da capital, Sanaa. Outros dois insurgentes também foram mortos.
A morte de Awlaki é o golpe mais duro à Al-Qaeda desde a operação dos EUA que matou Osama Bin Laden, em maio. O secretário americano da Defesa, Leon Panetta, afirmou em julho que o clérigo era o alvo prioritário do país, junto com Ayaman al-Zawahiri, sucessor de Bin Laden como líder da rede terrorista.
Em abril de 2010 o presidente dos EUA, Barack Obama, autorizou o uso de força letal contra Awlaki, que se tornou o primeiro americano na lista de “prender ou matar” da CIA. Em maio, poucos dias após a operação que matou Bin Laden, Awlaqi escapou de um bombardeio americano no Iêmen.

Filho de iemenitas e nascido no Estado do Novo México, Awlaki era um dos principais líderes do braço da Al-Qaeda no Iêmen, um dos mais proeminentes da rede terrorista. O grupo planejou vários ataques frustrados aos EUA, como o do natal de 25 de dezembro de 2009, quando o nigeriano Umar Faruk Abdulmutallab tentou explodir um avião comercial americano.
Fluente em inglês, Awlaki aparecia em vídeos publicados na internet conclamando seus seguidores a travar uma “guerra santa” contra os Estados Unidos.
Segundo analistas, o papel do clérigo era inspirar militantes – e até recrutá-los diretamente – para realizar os ataques. Ele teria, por exemplo, tido contato com Umar Faruk Abdulmutallab antes da tentativa de ataque.
Faisal Shahzad, condenado por tentar explodir um carro na Times Square, em Nova York, em maio de 2010, disse em depoimento que tinha sido “inspirado” por Awlaki após entrar em contato com ele pela internet.
O clérigo também trocou cerca de 20 emails com o major Nidal Malik Hasan, militar americano acusado pelo ataque na base de Fort Hood, no Texas, que deixou 13 mortos em novembro de 2009. Hasan teria procurado Awlaki também depois de ver seus sermões pela internet.
Nação mais pobre do mundo árabe, o Iêmen se tornou um dos principais locais de recrutamento da Al-Qaeda. O governo americano teme que os militantes se aproveitem da atual crise política do país, onde milhares pedem a queda do presidente Ali Abdullah Saleh, para ganhar força.

Nenhum comentário:

Postar um comentário