segunda-feira, 26 de setembro de 2011

'Paquistão age de forma cada vez mais perigosa', diz especialista


WASHINGTON - Para o especialista em Relações Internacionais Stephen Kinzer, da Universidade de Boston, as r elações entre Washington e Islamabad vivem um constante dilema sem chances aparentes de mudança até, pelo menos, a eleição presidencial americana de 2012.
Como o senhor analisa o atual estágio das relações entre os dois países?
STEPHEN KINZER: Islamabad tem um profundo interesse em assegurar que um regime pró-Paquistão esteja no poder no Afeganistão. Isso é muito para importante para o Paquistão, do contrário se sentirá cercado pela Índia e por uma influência de Nova Délhi no Afeganistão. O clã Haqqani também trabalha com o Afeganistão para estabelecer um governo em Cabul que seja favorável ao Paquistão. Por isso, o Paquistão apoia essa rede, e se nega a atacá-la. Há também um aspecto étnico. Os pushtus do Afeganistão são apoiados pelos vizinhos pushtus do Paquistão. E, hoje, os pushtus são também o Talibã. Líderes não talibãs, como o ex-presidente afegão (Burhannudin) Rabbani , que foi morto há poucos dias, são vistos como rivais étnicos dos talibãs. Essa é a dinâmica interna.
E a dinâmica externa?
KINZER. Os EUA pensam que devem manter uma relação decente com o Paquistão por causa do Afeganistão. Mas o Paquistão está agindo de uma forma que representa cada vez mais perigo para os EUA. Este é o dilema de Washington.
Qual o futuro desta relação?
KINZER. Difícil imaginar como as emoções da população no Paquistão e no Afeganistão poderão se acalmar enquanto os EUA continuarem lançando ataques com aviões não tripulados. Os americanos necessitam manter estradas de apoio através do Paquistão para os soldados no Afeganistão, e também um certo nível de contato militar. Não há dúvida de que a decisão de fazer acusações diretas ao Paquistão foi calculada. Mas é difícil imaginar que haverá alguma mudança nesta relação de hoje até a próxima eleição nos EUA.

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