sábado, 10 de setembro de 2011

Premiê diz que Israel se compromete a preservar paz com o Egito


Depois dos ataques à Embaixada de Israel no país, Netanyahu elogia ação dos comandos egípcios e agradece Obama pela ajuda

Foto: AFPAmpliar
Benjamin Netanyahu agradeceu também ao presidente Barack Obama pela ajuda
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reafirmou neste sábado o compromisso de seu país em favor da paz com o Egito, um dia depois da embaixada israelense no Cairo ter sido invadida.
"Nós nos comprometemos a preservar a paz com o Egito, que é do interesse do Egito e de Israel", assegurou o premiê durante discurso transmitido pelo rádio.
Um grupo de cerca de 30 manifestantes invadiu o prédio da embaixada israelense e atirou documentos pela janela. Antes da entrada, os manifestantes também destruíram o muroconstruído recentemente por autoridades egípcias que contorna a embaixada.
Os protestos causaram choques com a polícia e, de acordo com o vice-ministro da Saúde egípcio, Hamid Abaza, os confrontos de rua deixaram mortos e milhares de feridos.
Netanyahu também disse que está trabalhando com o governo egípcio para que o embaixador israelense, que abandonou Cairo por conta dos ataques, possa retornar o mais breve possível. Ele também ressaltou a ação dos comandos do Egito que evitaram "um desastre" ao salvar, segundo ele, a vida de seis agentes de segurança israelenses presos na embaixada atacada pelos manifestantes.
O premiê também agradeceu ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, por sua intervenção no caso. "Pedi ajuda e ele e, em um momento crucial, ele utilizou sua influência", disse.
Na sexta-feira, Obama assegurou ao primeiro-ministro, durante conversa telefônica, de que seu país estaria agindo "em todos os níveis" para resolver a situação no Egito. A Casa Branca informou que Obama expressou "grande preocupação" em relação à situação na embaixada e enfatizou que os EUA estão trabalhando para chegar a uma resolução sem o uso da violência.
O pronunciamento de Netanyahu neste sábado foi suavizado em comparação às primeiras declarações do premiê, ante ao ocorrido. Ele classificara a invasão como um "incidente sério", uma "flagrante violação das normas internacionais", e causador de um "sério dano ao tecido da paz com Israel".

O Conselho Supremo das Forças Armadas do Egito, que governa o país, prometeu proteção às embaixadas após o ataque. Segundo os membros do governo interino, os manifestantes envolvidos nos distúrbios serão julgados em cortes emergenciais.
Proteção às embaixadas
O Egito se declarou em estado de alerta e convocou uma reunião de emergência no gabinete militar. A imprensa relatou que o premiê egípcio, Essam Sharaf, ofereceu sua renúncia após o episódio, mas o pedido foi negado pelo líder militar, Hussein Tantawi.
O ataque a embaixada israelense marca um agudo crescimento nas tensões entre os dois países e testa os 30 anos do tratado de paz entre Israel e Egito. Sob o regime linha-dura de Hosni Mubarak, os laços entre os dois países haviam sido estáveis, após anos de conflitos. Mas, agora que o ex-presidente egípcio foi deposto, Israel teme que um governo menos favorável seja implementado no Cairo.
Estopim
A embaixada vinha sendo alvo de protestos desde a morte de cinco policiais egípcios, no dia 18 de agosto, supostamente em uma ação das forças israelenses. Autoridades egípcias dizem que os cinco foram mortos quando as forças de segurança de Israel perseguiram supostos militantes através da fronteira.
No mesmo dia, atiradores haviam atacado ônibus civis israelenses perto do resort de Eilat, localizado no mar Vermelho, deixando oito mortos. Centenas de egípcios protestaram em frente ao prédio da embaixada de Israel na noite seguinte, queimando uma bandeira do país e exigindo a expulsão do embaixador.
Depois do incidente registrado no mês passado na fronteira, Cairo definiu a morte dos policiais como "inaceitável". Israel não admitiu responsabilidade no caso, mas lamentou as mortes. As tensões vêm crescendo desde então.
O ministro de Defesa de Israel disse ter ordenado um inquérito em conjunto com o Exército egípcio.
Pneus queimados
Ao longo da madrugada e manhã deste sábado, centenas de manifestantes se mantiveram nos arredores da embaixada no Cairo, queimando pneus pelas ruas e cantando slogans de crítica aos militares no poder no Egito.
O Egito é um dos dois países árabes – junto com a Jordânia – a ter estabelecido a paz com Israel. Mas crescem as demonstrações de sentimento anti-israelense entre os civis egípcios.
Um dos manifestantes egípcios na embaixada disse à BBC que “fomos criados odiando Israel, mas agora podemos expressar isso livremente. Com a queda de Mubarak, o sangue egípcio será vingado”.
* Com AFP, EFE e BBC

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