segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Donos da Lycra são acusados de negociar com o Irã


Grupo Koch, dos bilionários Charles e David Koch, teriam vendido bilhões em equipamentos petrolíferos a empresas iranianas

Integrantes da lista das 20 pessoas mais ricas do mundo e donos do segundo maior grupo privado dos Estados Unidos, os bilionários e ultraconservadores Charles e David Koch estão sendo acusados de conquistar parte de suas fortunas pessoais (cada um deles têm de cerca de US$ 20 bilhões) fazendo negócios com o governo do Irã.
Foto: Getty ImagesAmpliar
David Koch: ligações com o Tea Party e negócios com os aiatolás
De acordo com uma reportagem publicada pela Bloomberg Markets Magazine, a revista mensal da agência de notícias norte-americana, subsidiárias europeias do grupo Koch desrespeitaram por completo o embargo ao país dos aiatolás e fizeram vendas bilionárias para companhias petrolíferas iranianas.
A maior parte das vendas foi de equipamentos utilizados na ampliação de uma planta de processamento de gás natural. Desde 1979 os Estados Unidos têm relações comerciais e diplomáticas cortadas com o Irã e, a partir de 2001, incluiu o país no rol de estados que financiam o terrorismo internacional.
Os irmãos Charles e David Koch nunca foram exatamente um exemplo de bom comportamento empresarial. Ao longo da última década, o conglomerado dos irmãos, com faturamento anual estimado em US$ 100 bilhões, teve que desembolsar mais de US$ 400 milhões em multas ou acordos judiciais por suas práticas pouco ortodoxas.
As acusações sempre estiveram ligadas ao pagamento de propinas, falta de ética em transações comerciais, desrespeito a leis ambientais ou mesmo fraude no registro de produção para pagar menos impostos. De acordo com a publicação, nos últimos anos a companhia fez pagamentos de propinas para conquistar contratos na África e no Oriente Médio. Depoimentos de ex-funcionários dão conta de que até mesmo uma espécie código de conduta para burlar a legislação foi criado, o método Koch.
Mas foi a acusação de fazer negócios com os aiatolás que chacoalhou o mundo empresarial e político americano. Nos últimos anos, Charles e David Koch tornaram-se os empresários americanos de maior atuação política no país, financiando direta ou indiretamente grupos de extrema direita, como o Tea Party. Desde 2006, os irmãos gastaram mais de US$ 50 milhões em lobby no Congresso Americano para evitar a regulação de derivativos ou a imposição de limites de emissão de gás carbônico. Defensores de uma participação mínima do Estado na economia, do fim dos programas sociais e de uma regulamentação ambiental quase nula, os irmãos Koch são hoje os principais financiadores de grupos políticos que se opõem ao presidente americano Barack Obama.
Envoltas em mistérios, suas empresas praticamente não divulgam informações e atuam em ramos tão distintos quanto o de exploração de petróleo no Alasca ao de pecuária de corte. Ao todo, o grupo tem operações em 50 países e mais de 70 mil empregados, sendo que quase dois terços deles estão nos Estados Unidos. Entre as marcas mais famosas sob seu poder estão a Lycra e a Tactel, fibras usadas na fabricação de roupas e materiais esportivos. Até agora o governo norte-americano não se pronunciou oficialmente a respeito das acusações feitas pela Bloomberg Magazine.

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