terça-feira, 1 de novembro de 2011

Câncer é ameaça cada vez mais presente

A maçã, fruto repleto de simbologia, agora ganha mais um significado: símbolo da luta contra o câncer de mama. O fruto foi distribuído ontem de manhã, como parte de uma ação da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) dentro da campanha “Outubro Rosa”. Promovida pela Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama) desde 2008, a campanha tem como objetivo chamar a atenção para os riscos da não prevenção do câncer de mama, segunda maior causa de mortalidade entre as brasileiras.

“A distribuição da maçã representa a alimentação adequada. Ela é rica em flavonoides, que diminuem a presença de radicais livres, causadores do câncer. Uma dieta rica em frutas e verduras pode diminuir em até 20% o risco de câncer”, orienta Michele Monteiro, enfermeira especialista em oncologia.

O evento realizado no nível central da Sespa, na avenida Presidente Pernambuco, no bairro de Nazaré, foi voltado para os servidores da instituição e a população em geral.

CASOS REGISTRADOS

No Pará, foram registrados 640 casos da doença em 2010, o que corresponde a 16,77% do universo de incidência de câncer em mulheres no Estado. Em Belém, esse número correspondeu a 400 casos. Ainda há sub-registro, sobretudo em relação ao interior do Estado, que não dispõe de internet em banda larga capaz de manter atualizados os dados no Sistema de Informação do Controle do Câncer de Mama (Sismama).

No Brasil, segundo dados da Femama, temos 50 mil novos casos de câncer de mama por ano, dos quais 12 mil terminam em morte - quase 25% do total.

Para Jane Neves, diretora de Atenção Primária da Sespa, incentivar a prevenção é uma questão de saúde pública. “Queremos criar o hábito da mulher tocar sua mama. A preocupação é identificar precocemente qualquer alteração da mama. Se eu me conheço, vou poder saber as alterações. Ainda há um tabu para que a criança e a adolescente faça o autoexame”, diz.

De acordo com as orientações médicas, as mulheres acima de 40 anos devem fazer exame clínico uma vez por ano. A faixa de risco da doença é entre 50 e 69 anos. Entretanto, se a mulher tiver casos de câncer de mama na família, o exame deve começar a partir dos 35 anos.

As principais causas do câncer de mama são o tabagismo, a obesidade e a alimentação inadequada. No Pará, ele é a segunda causa de morte entre as mulheres, mas, em Belém, o câncer de mama ocupa a primeira posição.

“Isso acontece porque numa cidade grande como Belém, a vida atribulada faz com que as mulheres comam pior, durmam pior. Na cidade, as mulheres menstruam mais cedo, não engravidam ou decidem levar apenas uma gestação. Foi comprovado que mulheres que amamentaram correm menos riscos de desenvolver câncer de mama”, explica Michele Monteiro.

A artesã Fernanda Saraiva, 56 anos, está atenta à doença. Com histórico de câncer de mama na família, ela se previne desde os 30. “Minha avó morreu de câncer de mama. Por isso, uma vez por ano faço mamografia. Tento também cuidar da alimentação, como muita soja. Tento passar a lição para as minhas filhas, para que elas também se previnam. Uma delas teve um nódulo no seio, mas, pela detecção precoce, hoje em dia está tudo bem com ela”. 

Exames anuais e boa dieta no combate à doença

Existem várias formas de prevenir um câncer. Parar de fumar e ter uma alimentação saudável pode reduzir as chances de ficar doente, segundo o médico Celso Hideo Fukuda, em pelo menos 40%. “Coma mais frutas, legumes, verduras, cereais e menos alimentos gordurosos, salgados e enlatados”, recomenda. Outro conselho é evitar ou limitar a ingestão de bebidas alcoólicas.

É aconselhável que homens, entre 50 e 70 anos, na consulta médica, orientem-se sobre a necessidade de investigação do câncer da próstata. “Os homens com histórico familiar de pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos devem realizar consulta médica para investigação da doença a partir dos 45 anos”. Outra dica é: pratique atividades físicas moderadas por pelo menos 30 minutos, cinco vezes por semana.

As mulheres, com 40 anos ou mais, devem realizar o exame clínico das mamas anualmente. “Além disso, toda mulher, entre 50 e 69 anos, deve fazer uma mamografia a cada dois anos. “As mulheres com caso de câncer de mama na família (mãe, irmã, filha etc., diagnosticados antes dos 50 anos), ou aquelas que tiverem câncer de ovário ou câncer em uma das mamas, em qualquer idade, devem realizar o exame clínico e mamografia, a partir dos 35 anos de idade, anualmente”

Já as mulheres com idade entre 25 e 64 anos devem realizar o preventivo ginecológico periodicamente. Após dois exames com resultado normal com intervalo de um ano, o preventivo pode ser feito a cada três anos. Para os exames alterados, devem-se seguir as orientações médicas. “É recomendável que mulheres e homens com 50 anos ou mais realizem exame de sangue oculto nas fezes, a cada ano (preferencialmente), ou a cada dois anos para prevenir câncer intestinal”, alerta.

O oncologista também recomenda evitar exposição prolongada ao sol, entre 10h e 16h, e usar sempre proteção adequada, como chapéu, barraca e protetor solar. “Se você se expõe ao sol durante a jornada de trabalho, procure usar chapéu de aba larga, camisa de manga longa e calça comprida”. 

80% dos cânceres têm causas ambientais

Segundo o oncologista Celso Hideo Fukuda, mastologista e ginecologista do hospital Ophir Loyola, os tumores malignos constituem-se na segunda causa de morte na população, representando quase 17% dos óbitos de causa conhecida. “Segundo relatório da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC)/OMS (World Cancer Report 2008), o impacto global do câncer mais que dobrou em 30 anos”, contabiliza.

Com a descoberta do câncer na laringe do ex-presidente Lula, a doença voltou a dominar as manchetes nacionais nos últimos dias.

Ele explica que câncer é um conjunto de doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. O médico ressalta que existem alguns tipos de câncer que diminuíram a incidência e outros aumentaram como, por exemplo, câncer de colo de útero, cuja incidência diminuiu no Sudeste; e o câncer de mama, que aumentou.

As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo, estando ambas inter-relacionadas. “As causas externas relacionam-se ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de um ambiente social e cultural. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. Esses fatores causais podem interagir de várias formas, aumentando a probabilidade de transformações malignas nas células normais”, explica.

Em torno de 80% dos cânceres estão associados a fatores ambientais. Alguns deles são bem conhecidos: o cigarro pode causar câncer de pulmão, a exposição excessiva ao sol pode causar câncer de pele, e alguns vírus podem causar leucemia. “Outros estão em estudo, como alguns componentes dos alimentos que ingerimos, e muitos são ainda completamente desconhecidos.

Fukuda lembra que envelhecimento traz mudanças nas células que aumentam a sua suscetibilidade à transformação maligna. “Isso, somado ao fato de as células das pessoas idosas terem sido expostas por mais tempo aos diferentes fatores de risco para câncer, explica em parte o porquê de o câncer ser mais frequente nesses indivíduos. 

TIPOS MAIS COMUNS NO PARÁ

Nos homens

1° Pele não melanoma

2° Próstata

3° Traqueia, Brônquios e Pulmões

4° Estômago

5° Colón e Reto

6° Cavidade Oral.

Nas mulheres

1° Pele não melanoma

2° Colo de Útero

3° Mama

4° Cólon e Reto

5° Traqueia, Brônquios e Pulmões

6° Estômago

7° Leucemia

8° Cavidade Oral.

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