terça-feira, 26 de junho de 2012


Extremistas islâmicos proíbem vacinação contra paralisia infantil no Paquistão


A pólio é uma infecção transmitida por meio do contato com um portador do vírus da doença ou então com fezes humanas. Os sintomas principais são: febre, mal-estar, dor-de-cabeça e em alguns casos incapacidade de mexer os membros
Matéria publicada nesta terça-feira (26) no jornal O Globo noticiou que um dos líderes tribais da organização extremista Talibã, no Paquistão, divulgou comunicado proibindo a vacinação contra a poliomielite, que provoca a paralisia infantil, em seu território. Segundo Maulvi Nazir, que comanda radicais da província do Waziristão do Sul, no nordeste do país, todos os programas de imunização devem ser cancelados até que os ataques de aviões não tripulados dos EUA sejam interrompidos.
“Por trás dessas campanhas de vacinação, os EUA e seus aliados estão espalhando uma rede de espionagem que trouxe morte e destruição na forma de ataques aéreos”, diz a mensagem. “Por um lado, eles matam crianças inocentes em ataques de avião não tripulados, enquanto salvam suas vidas com as vacinas”.
No início de junho, outro líder radical do Paquistão baniu a vacinação contra a poliomielite em seu território. Na mesma linha de Nazir, Hafiz Gul Bahadar, comandante do Talibã no Waziristão do Norte, também acusou os agentes de saúde de participarem de operações arquitetadas pelo Ocidente e proibiu a imunização até que os ataques com avião não tripulados acabem.
Para atrair a simpatia do governo para a causa, a mensagem de Nazir lembra o caso do médico Shakil Afridi, que organizou uma campanha de vacinação contra hepatite na cidade de Abbottabad, no Paquistão, onde se escondia o líder da al-Qaeda e extremista mais procurado do mundo, Osama bin Laden. A ação de Afridi ajudou as autoridades americanas a descobrirem o paradeiro do terrorista, que foi executado por militares americanos, numa operação não autorizada pelo Paquistão. Afridi acabou sendo preso pelas autoridades paquistanesas e acusado de traição.
O Paquistão é um dos únicos três países no mundo onde crianças ainda sofrem com surtos da pólio. Organizações de ajuda humanitária criticam a utilização de campanhas de vacinação como táticas de espionagem, denunciando que essa prática fez com que regiões tribais suspeitassem da seriedade do trabalho de erradicação de doenças.
Os ataques de aviões não tripulados em território paquistanês são em maioria nas províncias do Waziristão do Sul e do Norte, dominadas pelos radicais e suscetíveis à disseminação de doenças por serem regiões tribais. Os bombardeios se intensificaram após a conferência da Otan em Chicago, realizada em maio. No evento, autoridades paquistanesas falharam em dar garantias de que o país iria abrir as fronteiras para que a aliança pudesse enviar materiais e mantimentos para tropas ocidentais no Afeganistão.

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