quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Exército fecha o cerco a QG dos grevistas na Bahia

Força Nacional dobrou efetivo nos arredores da Assembleia Legislativa. Exército colocou mais 300 homens no local e controla acesso de manifestantes

Cida Alves, de Salvador
O presidente da Aspra (Associação dos Policiais, Bombeiros e dos seus Familiares do Estado Bahia), Marco Prisco, na sede da Assembleia Legislativa, onde está desde a noite de terça-feira (31)
O presidente da associação de policiais da Bahia, Marco Prisco, na sede da Assembleia Legislativa (Lúcio Távora/Ag. A Tarde)
Os homens do Exército e da Força Nacional fecharam o cerco aos policiais militares grevistas na Bahia. Um grupo de cerca de 300 pessoas está desde segunda-feira acampada dentro do prédio da Assembleia Legislativa do estado, em Salvador, que se transformou no quartel-general dos grevistas. Se na terça o acesso era livre para familiares jogarem sacos de comida e para manifestantes prestarem apoio aos grevistas em frente ao prédio, nesta quarta tudo mudou e o clima é de tensão.
 
O Exército, que ontem tinha 1.000 homens nos arredores da assembleia, hoje tem 1.300. A Força Nacional ontem tinha vinte homens na região, hoje tem quarenta. Eles fizeram barreiras para limitar o acesso da imprensa, de familiares e de manifestantes ao complexo em que fica a assembleia. Jornalistas agora só chegam perto do prédio após autorização dos militares e são acompanhados por eles de perto. Nenhum manifestante ou policial entra ou sai da frente da assembleia. 
 
Por volta das 11 horas, o juiz federal José Barroso Filho chegou ao local e entrou no prédio. De acordo com o líder dos grevistas, Marco Prisco, a presença do juiz foi pedida pelo movimento, para ajudar na negociação. O juiz saiu do local depois de cerca de uma hora, mas não quis falar com a imprensa.
 
Um grupo de manifestantes que seguia para a assembleia foi barrado na entrada do complexo. Revoltados, eles ameaçam fechar a Avenida Paralela, uma das principais vias de Salvador, que liga o centro à orla, e fazer protestos em frente à emissora de televisão local e ao aeroporto da cidade.
 
A greve por aumento salarial e pela concessão de gratificações já dura nove dias e provocou uma onda de crimes que já causou mais de 100 assassinatos pela falta de segurança. O governo do estado, que fracassou na terça na negociação para dar fim ao movimento, lançou mão de propagandas no rádio para tentar sensibilizar os grevistas e acalmar os baianos e turistas. Nesta quarta-feira começou a ser veiculado um spot em que o governo explica a proposta feita aos grevistas e declara disposição em negociar. 
 
Morte de policial - A Secretaria de Segurança Pública da Bahia confirmou na manhã desta quarta-feira a morte do policial militar Elenildo dos Santos Costa, de 34 anos, no Bairro de São Marcos, em Salvador. Ele estava em uma pizzaria e foi morto por volta das 22 horas em uma tentativa de assalto. A PM não confirma se ele participava ou não do movimento grevista. 
 
Enquanto isso, um soldado da Polícia Militar deixou na madrugada de quarta a Assembleia Legislativa. O nome dele não foi divulgado, mas os grevistas informaram que ele apresentou-se à Polícia Federal e não está entre as pessoas com mandato de prisão decretado. Os procurados são todos líderes do movimento. Na madrugada de terça-feira, deixaram a assembleia nove adultos e sete crianças. 
 
Negociações - Depois de mais uma exaustiva jornada de negociações na terça-feira, permanece o impasse entre o governo da Bahia e a Polícia Militar. O governador Jaques Wagner levou para a mesa o que diz ser sua maior oferta: o pagamento das gratificações que os policiais pedem até 2015. Segundo o governador, isso representaria um ganho real de 30% no salário dos PMs, hoje de aproximadamente 2 300 reais.
 
Os representantes da categoria não concordaram com a proposta apresentada e sinalizaram que seguirão com o movimento. Os grevistas querem o pagamento das gratificações a partir do mês que vem. O governador, no entanto, afirma que não tem dinheiro no orçamento para pagar as gratificações agora. 
 
Também não foram atendidos os pedidos dos grevistas de anistia administrativa para os policiais que estão parados e a revogação dos pedidos de prisão de doze líderes do movimento. O governo aguarda agora uma contraproposta dos grevistas para dar sequencia às negociações. 

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