quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012


Países árabes

ONU pede a todos os países que rompam laços com Síria

Alta comissária para os Direitos Humanos denunciou 'onda de terror' no país

Sírios protestam contra veto de Rússia e China na ONU
Sírios protestam contra veto de Rússia e China na ONU (Muhammad Hamed/Reuters)
A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou nesta quarta-feira uma onda de terror na Síria, com o contínuo ataque à cidade de Homs e o uso de artilharia pesada - morteiros, foguetes, tanques e até helicópteros - contra a população civil. Pillay insistiu na "extrema urgência" de que os países rompam seus laços políticos com o regime de Bashar Assad, como fizeram recentemente os da União Europeia (UE), do Golfo Pérsico e os Estados Unidos. Além disso, fez um apelo para que tomem medidas 'efetivas' para proteger o povo sírio.

Entenda o caso


  1. • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março para protestar contra o regime de Bashar Assad, no poder há 11 anos.
  2. • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança do ditador, que já mataram mais de 5.400 pessoas no país, de acordo com a ONU, que vai investigar denúncias de crimes contra a humanidade no país.
  3. • Tentando escapar dos confrontos, milhares de sírios cruzaram a fronteira e foram buscar refúgio na vizinha Turquia.

 
A alta comissária considerou que o último fracasso do Conselho de Segurança da ONU em condenar e acertar sanções contra o regime sírio "parece ter aumentado a disposição do governo de massacrar seu próprio povo para esmagar a dissidência". O Conselho de Segurança abordou em três ocasiões a situação na Síria, mas foi incapaz de adotar medidas concretas devido àoposição de Rússia e China, que afirmam que seria uma ingerência nos assuntos internos do país.
A ONU conta com informações que indicam que os hospitais, que já faziam esforços para atender a uma grande quantidade de feridos nas últimas semanas, agora estão simplesmente saturados ou são inacessíveis, motivo pelo qual o povo precisou abrir hospitais de campanha em Homs. Por esta razão, Pillay disse que, além das violações dos direitos humanos, a forte deterioração da situação humanitária na Síria a preocupa, sobretudo em Homs, berço da rebelião e onde importantes áreas foram isoladas pelas forças de segurança por longos períodos.
Vítimas - Sem se atrever a estimar um número de mortos - o último balanço fornecido pela ONU há um mês indicava mais de 5.400 mortos -, Pillay disse que a natureza e o alcance das violações é tanto que pode equivaler a crimes contra a humanidade. Para estes últimos, lembrou, não existe prescrição do delito e "haverá esforços durante o tempo que for necessário para fazer justiça às vítimas". Em agosto e dezembro passados, a alta comissária pediu ao Conselho de Segurança da ONU que remetesse o caso da Síria ao Tribunal Penal Internacional (TPI).
O que há 11 meses começou com protestos pacíficos que pediam abertura democrática e mais liberdades na Síria, se transformou em um banho de sangue que a comunidade internacional não foi capaz de deter nem avaliar em sua exata dimensão pela impossibilidade que a imprensa e as organizações internacionais e civis têm de entrar no país.

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