sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Estados Unidos alertam mundo para vírus raro


Foto: DivulgaçãoAs autoridades sanitárias dos Estados Unidos informaram nesta sexta-feira sobre a incidência de um vírus raro que matou três pessoas e deixou mais de cem doentes entre Japão, Filipinas, Holanda e os próprios norte-americanos nos últimos dois anos.
Definido como enterovírus humano 68 (HEV68), sua contaminação trás perigos graves para as crianças, como apontou o entro para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês). O HEV68 tem ligação muito próxima ao rinovírus humano, que provoca o resfriado comum.
O vírus já foi encontrado em seis variedades de mutação no mundo, mas mantém como sintomas principais a tosse, dificuldade respiratória e chiado. Até agora o maior número de casos foi observado no Japão, que reportou 120 doentes em 2010. Ainda assim, o CDC não pôde confirmar todos.
Outros 21 casos foram registrados nas Filipinas entre o fim de 2008 e o início de 2009, com duas mortes, informou o CDC.
Apesar do alerta imediato dos Estados Unidos, o vírus foi detectado pela primeira vez em 1962, na Califórnia, em quatro crianças. O que muda é a maior incidência dos casos. Segundo o CDC, ainda não há como afirmar se a elevação de registros é resultado de uma maior proliferação da doença ou se é fruto da facilidade atual de diagnósticos mais precisos.

Líder da al-Qaeda morre durante a madrugada


Foto: Reprodução de InternetO líder da al-Qaeda, Anwar al-Awlaki, morreu durante esta sexta-feira no Iêmen, Península Arábica, onde morava. A informação foi divulgada pelo Ministério da Defesa do país.
O radical americano de origem iemenita era um dos terroristas mais procurados internacionalmente e tinha o nível de periculosidade comparado ao de Bin Laden nos Estados Unidos.
De acordo com funcionários da CIA, o clérigo foi morto durante um ataque aéreo da própria organização. Na mesma operação morreram alguns outros supostos membros da rede terrorista. Ainda assim, poucos dados sobre o caso foram completamente confirmados, afirmou em comunicado o governo do Iêmen.
De acordo com fontes militares, a morte aconteceu durante a madrugada a partir de uma ofensiva de um avião não-tripulado dos Estados Unidos, em Shabua, localizada 570 quilômetros ao sudeste de Sana.

Uruguai lança bolsa auxílio para transexuais


Foto: Reprodução de InternetUm programa social que prevê a distribuição de cestas básicas e trabalho remunerado para transexuais foi firmado nesta semana pelo governo do Uruguai.
De acordo com o diretor nacional de política social do Ministério de Desenvolvimento Social do país, Andrés Scagliola, não havia programas específicos para o grupo. A ideia, segundo ele, é abrir espaço para a alimentação, inclusão social e trabalhista, além de reforçar a identidade. A medida teria o objetivo principal de tirar os transexuais da marginalidade, como informou o diretor em entrevista à BBC Brasil.
De acordo com Scagliola, o governo tem programas sociais para famílias com filhos menores de 18 e sem renda suficiente para uma vida digna, o que deixava de fora alguma forma de ajuda para os transexuais.
Os interessados deverão fazer um cadastro no ministério a partir de janeiro de 2012. Estima-se que cerca de 3mil pessoas entrem no novo programa, de acordo com um estudo realizado pela Universidad de la República, em Montevidéu.
O diretor explicou que os participantes do programa vão ficar cadastrados como transexuais e serão atendidos a partir de uma ajuda alimentar ou renda fixa por trabalhos à instituições públicas, como praças e escolas.
De acordo com Scagliola, antes da medida ser implementada, os funcionários do ministério devem passar por um treinamento que vai sensibilizá-los para atuar com os beneficiados.
O novo programa aparece como um complemento à lei de identidade de gênero, que entrou em vigor no país ainda em 2009. Desde sua aplicação, qualquer uruguaio que quiser pode assumir uma nova sexualidade e outro nome, além de fazer uma reestruturação em todos os documentos para que haja coerência com a pessoa.

Porta-voz de Gadafi é capturado, afirmam forças do CNT


Foto: DivulgaçãoUm porta-voz da resistência do regime de Muammar Gadafi, Musa Ibrahim, foi preso nesta quinta-feira nas proximidades de Sirte, a 360 quilômetros leste de Trípoli, como informou o camando militar do Conselho Nacional de Transição (CNT).
Segundo algumas informações passadas, Musa Ibrahim poderia estar disfarçado de mulher quando foi encontrado. Ainda assim, o fato não pôde ser confirmado. Assim como Gadafi, o porta-voz estava foragido desde a tomada da capital líbia, Trípoli, pelas tropas do CNT.
Durante essa semana, novos conflitos tomaram o país. Civis de Sirte, região costeira e um dos últimos redutos da resistência, têm fugido da cidade que vem sendo constantemente atacada por bombardeiros da Otan. As autoridades do CNT enviaram um pedido de ajuda para a Organização das Nações Unidas (ONU) por um serviço de ambulâncias para retirar os feridos do local.
Para as agências de ajuda humanitária, Sirte está perto de chegar a um desastre, já que os ataques se intensificam e o número de mortes sobe rápido enquanto a eletricidade, comida e água da cidade estão acabando.
Mais de um mês após a captura da capital do país pelos combatentes do CNT, Gadafi ainda está desaparecido e tenta organizar uma resistência para contar os que desafiaram seu governo de 42 anos.

Na TV, Romário diz que foi traído por Ricardo Teixeira em 2002


Quase dez anos após a Copa do Mundo de 2002, realizada no Japão e da Coreia do Sul, o ex-atacante e agora deputado (PSB-RJ) Romário, voltou a falar da sua polêmica ausência na lista de convocados para o Mundial. Na ocasião, mesmo com grande pressão popular e da imprensa, o técnico Luiz Felipe Scolari manteve a sua posição de não convocar o então atacante do Vasco.
O Baixinho concedeu entrevista ao jornalista Jorge Kajuru em seu novo programa no canal de TV "Esporte Interativo", ele disse que foi traído pelo presidente (CBF), Ricardo Teixeira. Segundo Romário, Teixeira tinha prometido que ele seria convocado por Felipão para a Copa.
"Ele apertou minha mão e disse que eu iria à Copa. Falei a ele que o treinador era o Felipão e ele respondeu 'mas quem manda sou eu'. Apenas o cumprimentei e disse: 'vou acreditar na sua palavra, acabou'. Isso um dia antes. Depois, vimos o que aconteceu. Ele ficou aborrecido porque achou que eu tinha combinado com a Globo para ela dar esse furo. No dia da convocação final ele disse para o Felipão ficar à vontade e fazer o que quisesse", afirmou.

Crítico ferrenho da organização e dos altos gastos para a Copa de 2014, o deputado disse ainda que o Mundial não será para "o verdadeiro povo brasileiro".O que me agride é o gasto do dinheiro público dos estádios, alguns vão passar de 2 bilhões. Alguns desses terão apenas três jogos da Copa do Mundo e virarão o famoso "elefante branco".

"O gasto é uma brincadeira, e ninguém faz nada. A conta que foi feita há dois anos pelos nossos grandes representantes era de R$ 52 bilhões; agora ela já passa, ainda mais com o trem-bala, dos R$ 60 bilhões. Vamos gastar tudo isso e quem vai ao estádio não é o verdadeiro apaixonado pelo futebol", criticou.

The Economist publica reportagem sobre denúncias contra Ricardo Teixeira


A revista britânica The Economist divulgou uma reportagem, em seu site, que destaca as várias denúncias que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, enfrentou, inclusive, em outros países. Casos como a CPI da CBF/Nike, acusações feitas pela BBC de que o dirigente teria recebido suborno, ameaças de negar credenciais para a Copa de 2014 aos veículos que o criticam e a suspeita de superfaturamento, em um jogo amistoso entre Brasil e Portugal, foram citados na matéria. As informações são do Folha.com.
A publicação afirma que a Copa do Mundo está sendo coordenada por uma das figuras mais manchadas do futebol, e que isso é um motivo para que a presidente Dilma Rousseff se preocupe.
A nomeação de Pelé, como embaixador da Copa do Mundo, e sua presença no sorteio das eliminatórias da Copa e no evento de contagem regressiva dos mil dias para o torneio, a partir da vontade de Dilma, teriam irritado Teixeira, segundo a revista.

Flórida antecipa primária e complica calendário eleitoral dos EUA


O Estado, decisivo na escolha do presidente, desafiou o Partido Republicano, anunciando que sua primária será em 31 de janeiro

Foto: AP
Eleições nos EUA estão marcadas para novembro de 2012
A decisão da Flórida de antecipar sua primária para a escolha do candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, anunciada na manhã desta sexta-feira, provocou revolta entre os outros Estados e deverá alterar o calendário da corrida à Casa Branca.
Um dos Estados decisivos na escolha do presidente americano, a Flórida desafiou as regras do Partido Republicano e anunciou que sua primária será realizada em 31 de janeiro de 2012. Segundo analistas políticos e os nove membros da comissão estadual que decidiu a mudança de data, a medida teve como objetivo aumentar a influência da Flórida no processo eleitoral.
Nos Estados Unidos, diferentemente do Brasil, a eleição presidencial segue um longo processo, no qual em casa Estado, os dois principais partidos – o Democrata (do presidente Barack Obama) e o Republicano – realizam primárias (votação por meio de cédulas) e caucus (espécies de convenções) para ganhar a adesão de delegados. Serão esses delegados que, posteriormente, irão escolher o candidato que irá concorrer pelo partido na eleição presidencial, marcada para novembro de 2012.
Com a decisão da Flórida, Iowa, New Hampshire, Nevada e Carolina do Sul deverão também antecipar suas votações. De acordo com as regras eleitorais americanas, esses quatro Estados são os únicos com permissão para realizar prévias antes de 6 de março, e promoveriam suas primárias e caucus respectivamente nos dias 6, 14, 18 e 28 de fevereiro.
Reações
A intenção da Flórida de antecipar sua primária já era conhecida, mas a decisão foi recebida com críticas pelos outros Estados que tradicionalmente dão início à temporada de votações.
Minutos após o anúncio, o líder do Partido Republicano em Iowa, Matt Strawn, emitiu um comunicado no qual afirma que a "arrogância" demonstrada pelas autoridades eleitas da Flórida "é decepcionante, mas não surpreendente". "As consequências da intransigência da Flórida devem vir rápidas e severas", disse Strawn, ao pedir que o Partido Republicano cumpra com a promessa de punir o Estado.
O Comitê Nacional Republicano ameaça cortar metade dos delegados da Flórida na convenção para escolher o candidato do partido, marcada para agosto, em Tampa. A briga dos Estados para iniciar o processo de votação se deve à maior atenção que essas prévias recebem por parte dos candidatos, o que aumenta as chances de que problemas locais sejam tratados com mais atenção pelo futuro presidente. Os primeiros Estados a realizar prévias também lucram com os recursos extras decorrentes das visitas frequentes dos candidatos e da imprensa e da propaganda eleitoral nos meios de comunicação.
Iowa é tradicionalmente o primeiro Estado a realizar um caucus, enquanto New Hampshire inicia a temporada de primárias. Strawn já anunciou que pretende manter Iowa como o primeiro no calendário. "A data final do Caucus de Iowa será anunciada assim que New Hampshire define a data de sua primária", disse o líder republicano. Autoridades de New Hampshire já falam até em realizar sua primária em dezembro, "caso seja necessário", para manter a tradição de abrir o calendário eleitoral.
Candidatos
Na prática, a antecipação do calendário eleitoral republicano significa que a data final para que políticos se candidatem oficialmente à indicação do partido também acontecerá mais cedo do que o previsto. Essa mudança obrigaria nomes como Sarah Palin, ex-candidata à vice-presidência em 2008, ou Chris Christie, governador de Nova Jersey, a antecipar sua decisão sobre concorrer ou não à indicação do partido.
Analistas afirmam que a alteração do calendário poderia beneficiar candidatos como Mitt Romney, que já estão há mais tempo na corrida eleitoral e já têm uma campanha mais sólida. Ex-governador de Massachusetts, Romney é um dos melhores colocados nas pesquisas de intenção de voto, ao lado dogovernador do Texas, Rick Perry.
No entanto, analistas afirmam que o Partido Republicano parece ainda não ter um nome mais forte que realmente tenha destaque na disputa. No Partido Democrata, Obama concorre à reeleição sem adversários, mas enfrenta queda em seus índices de popularidade à medida que os problemas econômicos do país se agravam.

Indígenas bolivianos se reagrupam para continuar a marcha


Nativos se reúnem para retomar protesto contra a construção de uma rodovia financiada pelo Brasil que atravessaria seu território

Os indígenas bolivianos que defendem o Território Nacional Parque Índigena Isiboro Securé (TIPNIS) por considerá-lo ameaçado pela construção de uma estrada financiada pelo Brasil se reagruparam nesta sexta-feira para continuar sua marcha em direção a La Paz. A retomada do protesto acontece após terem sofrido uma violenta repressão policial no fim de semana passado que agravou o conflito e forçou a renúncia de dois ministros.
Foto: Reuters
Indígenas bolivianos que apoioam Evo Morales, em contrapartida, realizaram um protesto em La Paz contra a ação dos nativos que recusam a construção de uma rodovia

O reagrupamento aconteceu em Quiquibey, a mais de 200 km ao nordeste de La Paz, onde chegaram cerca de mil indígenas em veículos vindos de povoados vizinhos. Os nativos tinham ficado dispersos após a ação policial no domingo passado, qualificada pelo presidente Evo Morales como "imperdoável" e pela ONU como "excessiva".
"É o início do reagrupamento, o reencontro das três colunas que restaram após terem sido dispersadas", declarou por telefone o presidente da Confederação Indígena do Oriente Boliviano (Cidob), Adolfo Chávez. Cerca de 1,5 mil nativos tinham percorrido até o domingo cerca de 300 km, desde o dia 15 de agosto, e dizem que estão decididos a chegar a La Paz para exigir a suspensão total da rodovia que atravessará, segundo o projeto defendido por Morales, o TIPNIS.
Na segunda-feira, Evo decidiu suspender as obras da estrada, por conta da crise instaurada. A construção da rodovia ficou a cargo da empresa brasileira OAS com previsão de empréstimos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e, segundo o governo boliviano, permitiria uma conexão entre o Pacífico e o Atlântico, beneficiando Brasil, Bolívia e Peru. Entretanto, na terça, o BNDES divulgou que até então não havia efetuado nenhum desembolso visando ao financiamento da importação de equipamentos e serviços brasileiros.
Os indígenas esclarecem que a repressão não deixou vítimas fatais, como tinham denunciado em dias passados alguns de seus dirigentes, a hierarquia católica e vários meios de imprensa - criticados por Morales por conta do episódio. "Não há mortos, isso é necessário esclarecer", disse Adolfo, explicando também que a confusão se deve à atitude dos nativos que, "em seu desespero", reportaram mortos quando viram crianças e idosos desmaiados por conta do gás lacrimogêneo lançado por 500 policiais contra o acampamento.
"O governo deveria agradecer a Deus e a nossos ancestrais que não há mortos. Mas isso marcou esse dia, por causa do desespero, e também os meios de comunicação não são culpados", acrescentou. Morales pediu perdão pela operação policial, embora tenha afirmado que nem ele e nem nenhum dos seus colaboradores tenha sido responsável por isso. "Não foi uma instução do presidente. Jamais no governo podíamos pensar que tamanha agressão pudesse ser feita contra os irmãos indígenas", afirmou o presidente, primeiro indígena eleito na Bolívia.
Essa semana, o país andino mostrou ser solidário à causa indígena, e realizou protestos em cidades dos nove departamentos bolivianos protestos, além de uma greve geral promovida pela Central Operária Boliviana (COB).
A intervenção policial à marcha provocou uma das piores crises enfrentadas pelo governo Morales até o momento. Os incidentes em Yucumo forçaram a renúncia da ministra da Defesa, Cecilia Chacón, indignada com a ação da polícia, e, posteriormente, do ministro do Interior, Sacha Llorenti, por suposta negligência. Pouco antes de entregar o cargo, Llorenti havia afirmado que as ordens para a intervenção policial tinham sido dadas pelo vice-ministro do Interior, Marcos Farfán, que também pediu demissão - porém, negando as acusações do governo.
Segundo o promotor-geral da Bolívia, Mario Uribe, Sacha Llorenti será investigado por suposto envolvimento na intervenção policial. Uribe ainda destacou que, caso haja necessidade, Evo também pode ser convocado a depor.
Na terça-feira, ao empossar os novos ministros do Interior e da Defesa, Wilfredo Chávez e Rubén Saavedra, o presidente acusou os meios de comunicação de mentir e utilizar o incidente policial para minar o governo. "Já disse isso e não tenho medo de repetir: a maior oposição a Evo Morales são os meios de comunicação, mas vamos lutar esta batalha, da verdade contra a falsidade".
Morales enfrentava até agora uma dura oposição de setores conservadores, especialmente do leste do país. Essa é a primeira vez que a resistência ao seu governo parte de grupos indígenas.

Palavra 'sanções' é retirada de projeto de resolução contra Síria


Texto feito por países europeus com apoio dos EUA utiliza o termo 'medidas dirigidas' para tentar superar oposição da Rússia

Países europeus do Conselho de Segurança da ONU retiraram nesta sexta-feira a palavra "sanções" de um projeto de resolução sobre a repressão na Síria, tentando superar, segundo diplomatas, a oposição da Rússia.
Em vez de "sanções", Grã-Bretanha, França, Alemanha e Portugal optaram pelo uso do termo "medidas dirigidas" para o texto desse projeto, esperando assim contar com o apoio dos quinze países do Conselho para adotar uma resolução contra o regime do presidente sírio Bashar al-Assad.
Foto: AP
Imagem feita por celular mostra protesto antigoverno em Homs, na Síria
A China e a Rússia ameaçaram impor seu veto a qualquer tipo de sanção proposta ao Conselho de Segurança contra o regime sírio. O Conselho da ONU se limitou, até agora, a fazer uma declaração contra a repressão aos manifestantes na Síria, que, segundo as Nações Unidas, causou mais de 2,7 mil mortes desde março.
A Rússia apresentou seu próprio projeto de resolução, que, segundo os diplomatas, apenas condenam a violência na Síria de maneira geral. "Acreditamos que (o projeto russo de resolução) é algo que, se o Conselho adotar, potencializará o processo político na Síria, e contribuirá para deter a violência, já que não contém uma mensagem muito forte", disse o embaixador russo na ONU, Vitali Churkin.
Além disso, segundo a BBC, o novo projeto dos países europeus ameaça aplicar "medidas dirigidas" apenas se a repressão aos manifestantes não cessar. "(A proposta representa) a continuidade da política de troca de regime adotada em relação à Líbia", afirmou anteriormente Churkin.
Os diplomatas esperam que o Conselho de Segurança vote na medida na terça-feira.
Também nesta sexta, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, descartou uma intervenção militar na Síria, nos moldes da operação que ajudou a derrubar Muamar Kadafi.
Na terça-feira, a Comissão Geral da Revolução Síria, que reúne dezenas de grupos de oposição ao presidente Bashar Al-Assad, pediu a criação de uma zona de exclusão aérea para proteger os civis. Um pedido formal será entregue ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, e ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
Violentos confrontos continuam acontecendo em várias cidades sírias, segundo testemunhas. Nesta sexta-feira, forças de segurança atiraram contra milhares de opositores que foram às ruas exigir a queda de Assad.
De acordo com ativistas, os confrontos em Homs deixaram pelo menos um morto e sete feridos. Protestos também aconteceram na capital, Damasco, em Deraa, Idlib e Hama.
Comissão
Uma comissão designada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU para investigar a repressão ainda espera uma permissão do governo para entrar no país.
Nessa semana, os três membros da comissão independente começaram os trabalhos em Genebra. O objetivo fundamental é determinar se houve violação de direitos humanos e averiguar as suspeitas sobre crimes contra a humanidade expostas recentemente pelo Alto Comissariado de Direitos Humanos (OCHA, na sigla em inglês).
O brasileiro Paulo Pinheiro, ex-relator especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU, é o presidente da comissão. Os outros dois membros são o turco Yakin Ertürk, professor de Sociologia e também ex-relator de Direitos Humanos, e a americana Karen Abu Zayd, ex-comissária da Agência das Nações Unidas para refugiados da Palestina.
Pinheiro afirmou ser “muito importante” que o governo da Síria colabore com a comissão e aproveite "a oportunidade para oferecer seus pontos de vista". O presidente da Comissão explicou que ainda não pôde se reunir com o embaixador sírio na ONU em Genebra, mas que espera fazer isso na semana que vem.
Pinheiro se comprometeu a desenvolver a tarefa "com a mente aberta" e de maneira "plenamente independente e imparcial", utilizando como ferramenta fundamental o direito internacional.
Em sua primeira fase de "consultas preliminares", a comissão deve se encontrar com diplomatas, responsáveis das Nações Unidas e representantes da sociedade civil síria, além de estabelecer contatos para visitar países vizinhos: Jordânia, Líbano e Turquia.
A previsão é que as conclusões da comissão sejam publicadas no final do mês de novembro e atualizadas em março de 2012. "Se não conseguirmos ir à Síria, há milhões de páginas e documentos que podemos acessar", explicou Pinheiro, insistindo na necessidade de esperar a resposta de Damasco, cuja "cooperação para oferecer sua perspectiva seria fantástica para a efetividade do relatório".

Clérigo ligado à Al-Qaeda e nascido nos EUA é morto no Iêmen


Um dos principais líderes do braço da rede na Península Arábica, Anwar al-Awlaki usava sermões para inspirar ataques de militantes

O clérigo radical islâmico Anwar al-Awlaki, nascido nos EUA e importante liderança da Al-Qaeda da Península Arábica, foi morto nesta sexta-feira no Iêmen, segundo informaram autoridades americanas e iemenitas.
Awlaki foi morto por um ataque aéreo americano a um comboio onde ele estava, segundo autoridades dos EUA que não quiseram ser identificadas. Dois carros que seguiam da cidade de Maarib para Juf, teriam sido alvos dos ataques feitos com um avião não tripulado e um jato.
O ataque também matou Samir Khan, que seria o editor da revista do grupo em inglês, a Inspire. Khan nasceu nos EUA em 1986 e teria morado na Carolina do Norte até pouco tempo atrás.
O presidente americano, Barack Obama, afirmou que a morte de Awlaki foi "um enorme golpe" para a Al-Qaeda. Para justificar o fato de um cidadão dos EUA ter sido alvo de um ataque, Obama relembrou alguns dos planos terroristas nos quais o clérigo esteve envolvido. "Ele conclamou indivíduos no nosso país e em todo o mundo para matar homens, mulheres e crianças inocentes", completou.
Segundo autoridades americanas, o alvo do ataque era Awlaki, que estava sendo monitorado havia três semanas. O governo do Iêmen não deu detalhes sobre a operação, informando apenas que Awlaki foi morto pela manhã na cidade de Khasef, cerca de 140 km ao leste da capital, Sanaa. Outros dois insurgentes também foram mortos.
A morte de Awlaki é o golpe mais duro à Al-Qaeda desde a operação dos EUA que matou Osama Bin Laden, em maio. O secretário americano da Defesa, Leon Panetta, afirmou em julho que o clérigo era o alvo prioritário do país, junto com Ayaman al-Zawahiri, sucessor de Bin Laden como líder da rede terrorista.
Em abril de 2010 o presidente dos EUA, Barack Obama, autorizou o uso de força letal contra Awlaki, que se tornou o primeiro americano na lista de “prender ou matar” da CIA. Em maio, poucos dias após a operação que matou Bin Laden, Awlaqi escapou de um bombardeio americano no Iêmen.

Filho de iemenitas e nascido no Estado do Novo México, Awlaki era um dos principais líderes do braço da Al-Qaeda no Iêmen, um dos mais proeminentes da rede terrorista. O grupo planejou vários ataques frustrados aos EUA, como o do natal de 25 de dezembro de 2009, quando o nigeriano Umar Faruk Abdulmutallab tentou explodir um avião comercial americano.
Fluente em inglês, Awlaki aparecia em vídeos publicados na internet conclamando seus seguidores a travar uma “guerra santa” contra os Estados Unidos.
Segundo analistas, o papel do clérigo era inspirar militantes – e até recrutá-los diretamente – para realizar os ataques. Ele teria, por exemplo, tido contato com Umar Faruk Abdulmutallab antes da tentativa de ataque.
Faisal Shahzad, condenado por tentar explodir um carro na Times Square, em Nova York, em maio de 2010, disse em depoimento que tinha sido “inspirado” por Awlaki após entrar em contato com ele pela internet.
O clérigo também trocou cerca de 20 emails com o major Nidal Malik Hasan, militar americano acusado pelo ataque na base de Fort Hood, no Texas, que deixou 13 mortos em novembro de 2009. Hasan teria procurado Awlaki também depois de ver seus sermões pela internet.
Nação mais pobre do mundo árabe, o Iêmen se tornou um dos principais locais de recrutamento da Al-Qaeda. O governo americano teme que os militantes se aproveitem da atual crise política do país, onde milhares pedem a queda do presidente Ali Abdullah Saleh, para ganhar força.